sábado, 10 de janeiro de 2015

tratamento antirretroviral reduz o risco de tuberculose

Ini­ci­ar a te­rapêuti­ca an­tir­re­tro­vi­ral nos países em de­sen­vol­vi­men­to em adul­tos in­fe­ta­dos pe­lo VIH re­duz o ris­co de tu­ber­cu­lo­se até 65%, de acor­do com os re­sul­ta­dos de uma me­ta-análi­se pu­bli­ca­da no PLoS Me­di­ci­ne.

Os be­nefíci­os da te­rapêuti­ca fo­ram sig­ni­fi­ca­ti­vos em to­das as con­ta­gens de célu­las CD4, in­cluin­do con­ta­gens aci­ma de 350 célu­las/mm3, o li­mi­te de­fi­ni­do pe­la Or­ga­ni­zação Mun­di­al de Saúde (OMS) pa­ra o início do tra­ta­men­to.

As­sim, os in­ves­ti­ga­do­res acre­di­tam que as su­as con­clusões de­vem ser ti­das em con­ta quan­do se con­si­de­ra o início da te­rapêuti­ca com con­ta­gem ele­va­da de célu­las CD4.

A in­feção pe­lo VIH cons­ti­tui o mai­or fa­tor de ris­co pa­ra o de­sen­vol­vi­men­to de tu­ber­cu­lo­se e con­tri­buiu pa­ra o re­a­pa­re­ci­men­to da do­ença, em es­pecífi­co, nos lo­cais com re­cur­sos li­mi­ta­dos. Em 2010, es­ti­ma­va-se 1,1 mi­lhões de no­vos ca­sos de TB em pes­so­as in­fe­ta­das pe­lo VIH. Uma es­ti­ma­ti­va de 900 000 ca­sos em Áfri­ca.

As ori­en­tações da OMS, emi­ti­das em 2009, re­co­men­da­vam a te­rapêuti­ca an­tir­re­tro­vi­ral pa­ra pes­so­as com con­ta­gem de célu­las CD4 abai­xo de 350/mm3 e pa­ra to­das as pes­so­as se­ro­po­si­ti­vas com TB. Des­de então, os es­tu­dos pu­bli­ca­dos in­di­cam que o au­men­to da co­ber­tu­ra do tra­ta­men­to an­tir­re­tro­vi­ral po­de con­tri­buir pa­ra o con­tro­lo da epi­de­mia da TB.

Os in­ves­ti­ga­do­res pre­ten­di­am per­ce­ber qual o im­pac­to em ini­ci­ar a te­rapêuti­ca an­tir­re­tro­vi­ral no ris­co de de­sen­vol­ver TB.

As­sim, con­du­zi­ram uma re­visão sis­temáti­ca e de me­ta-análi­se de es­tu­dos pu­bli­ca­dos que tra­ba­lha­vam es­ta questão.

Os in­ves­ti­ga­do­res res­trin­gi­ram a pro­cu­ra pa­ra es­tu­dos con­du­zi­dos nos países em de­sen­vol­vi­men­to. Os es­tu­dos fo­ram elegíveis pa­ra in­clusão quan­do com­pa­ra­vam a in­cidência de TB em adul­tos se­ro­po­si­ti­vos pa­ra o VIH de acor­do com o uso da te­rapêuti­ca an­tir­re­tro­vi­ral. To­dos os es­tu­dos ti­nham, pe­lo me­nos, seis me­ses de acom­pa­nha­men­to.

Um to­tal de on­ze es­tu­dos foi ao en­con­tro dos critéri­os de in­clusão dos in­ves­ti­ga­do­res. Qua­tro es­tu­dos fo­ram con­du­zi­dos na Áfri­ca sub­sa­a­ri­a­na, qua­tro na Améri­ca do Sul; um no Ca­ri­be; e um em vári­os países (Áfri­ca sub­sa­a­ri­a­na, Améri­ca do Sul e Ásia).

A qua­li­da­de me­to­dológi­ca de qua­tro es­tu­dos foi clas­si­fi­ca­da co­mo ele­va­da; cin­co de qua­li­da­de me­di­a­na; e três de bai­xa qua­li­da­de.

A me­ta-análi­se das con­clusões dos on­ze es­tu­dos de­mons­trou que a te­rapêuti­ca an­tir­re­tro­vi­ral es­ta­va for­te­men­te as­so­ci­a­da à re­dução da in­cidência de TB, in­de­pen­den­te­men­te da con­ta­gem de célu­las CD4 (HR = 0,35; 95% CI, 0,28-0.44; p <0,001).

Dois es­tu­dos en­vol­ve­ram pes­so­as com con­ta­gem de célu­las CD4 abai­xo de 200/mm3. Os re­sul­ta­dos de­mons­tra­ram que os me­di­ca­men­tos an­tir­re­tro­vi­rais re­du­zi­ram o ris­co de TB até 84% (HR = 0,16; 95% CI, 0,07-0,36; 0 <0,001).

Um to­tal de qua­tro es­tu­dos en­vol­veu pes­so­as com con­ta­gem de célu­las CD4 en­tre 200 e 350/mm3. Quan­do cru­za­dos, os re­sul­ta­dos de­mons­tra­ram que a te­rapêuti­ca an­tir­re­tro­vi­ral re­du­ziu o ris­co de TB até 66% (HR = 0,34; 95% CI, 0,19-0,60; p <0,001).

Ini­ci­ar a te­rapêuti­ca an­tir­re­tro­vi­ral com con­ta­gem de célu­las CD4 aci­ma de 350/mm3 te­ve, também, um im­pac­to sig­ni­fi­ca­ti­vo na in­cidência de TB. A com­bi­nação dos re­sul­ta­dos dos três es­tu­dos que en­vol­ve­ram pes­so­as com con­ta­gem de célu­las CD4 aci­ma des­te nível de­mons­trou que ini­ci­ar a te­rapêuti­ca an­tir­re­tro­vi­ral re­du­ziu o ris­co de TB até 57% (HR = 0,43; 95% CI, 0,30-0,63; p< 0,001).

“A re­visão sis­temáti­ca in­di­ca que a te­rapêuti­ca an­tir­re­tro­vi­ral está for­te­men­te as­so­ci­a­da à re­dução da in­cidência de tu­ber­cu­lo­se em adul­tos que vi­vem com a in­feção pe­lo VIH, in­de­pen­den­te­men­te do va­lor de célu­las CD4”, co­men­tam os au­to­res. “A con­clusão prin­ci­pal é que a te­rapêuti­ca an­tir­re­tro­vi­ral tem um im­pac­to sig­ni­fi­ca­ti­vo na pre­venção da tu­ber­cu­lo­se em adul­tos com con­ta­gem de célu­las CD4 aci­ma de 350/mm3, é con­sis­ten­te com es­tu­dos con­du­zi­dos em países de­sen­vol­vi­dos e de­ve ser ti­da em con­ta pe­los pro­fis­si­o­nais de saúde, in­ves­ti­ga­do­res, de­ci­so­res e pes­so­as que vi­vem com VIH quan­do se pen­sa nos be­nefíci­os e ris­cos em ini­ci­ar a te­rapêuti­ca an­tir­re­tro­vi­ral aci­ma de 350 célu­las/mm3.”

Re­ferência

Suthar AB et al. An­ti­re­tro­vi­ral the­rapy for pre­ven­ti­on of tu­ber­cu­lo­sis in adults with HIV: a sys­te­ma­tic re­vi­ew and me­ta-analy­sis. PLoS Me­di­ci­ne 9(7): e1001270, 2012.

Mi­cha­el Car­ter
Pu­blished: 03 Sep­tem­ber 2012


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