Iniciar a terapêutica antirretroviral nos países em desenvolvimento em adultos infetados pelo VIH reduz o risco de tuberculose até 65%, de acordo com os resultados de uma meta-análise publicada no PLoS Medicine.
Os benefícios da terapêutica foram significativos em todas as contagens de células CD4, incluindo contagens acima de 350 células/mm3, o limite definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o início do tratamento.
Assim, os investigadores acreditam que as suas conclusões devem ser tidas em conta quando se considera o início da terapêutica com contagem elevada de células CD4.
A infeção pelo VIH constitui o maior fator de risco para o desenvolvimento de tuberculose e contribuiu para o reaparecimento da doença, em específico, nos locais com recursos limitados. Em 2010, estimava-se 1,1 milhões de novos casos de TB em pessoas infetadas pelo VIH. Uma estimativa de 900 000 casos em África.
As orientações da OMS, emitidas em 2009, recomendavam a terapêutica antirretroviral para pessoas com contagem de células CD4 abaixo de 350/mm3 e para todas as pessoas seropositivas com TB. Desde então, os estudos publicados indicam que o aumento da cobertura do tratamento antirretroviral pode contribuir para o controlo da epidemia da TB.
Os investigadores pretendiam perceber qual o impacto em iniciar a terapêutica antirretroviral no risco de desenvolver TB.
Assim, conduziram uma revisão sistemática e de meta-análise de estudos publicados que trabalhavam esta questão.
Os investigadores restringiram a procura para estudos conduzidos nos países em desenvolvimento. Os estudos foram elegíveis para inclusão quando comparavam a incidência de TB em adultos seropositivos para o VIH de acordo com o uso da terapêutica antirretroviral. Todos os estudos tinham, pelo menos, seis meses de acompanhamento.
Um total de onze estudos foi ao encontro dos critérios de inclusão dos investigadores. Quatro estudos foram conduzidos na África subsaariana, quatro na América do Sul; um no Caribe; e um em vários países (África subsaariana, América do Sul e Ásia).
A qualidade metodológica de quatro estudos foi classificada como elevada; cinco de qualidade mediana; e três de baixa qualidade.
A meta-análise das conclusões dos onze estudos demonstrou que a terapêutica antirretroviral estava fortemente associada à redução da incidência de TB, independentemente da contagem de células CD4 (HR = 0,35; 95% CI, 0,28-0.44; p <0,001).
Dois estudos envolveram pessoas com contagem de células CD4 abaixo de 200/mm3. Os resultados demonstraram que os medicamentos antirretrovirais reduziram o risco de TB até 84% (HR = 0,16; 95% CI, 0,07-0,36; 0 <0,001).
Um total de quatro estudos envolveu pessoas com contagem de células CD4 entre 200 e 350/mm3. Quando cruzados, os resultados demonstraram que a terapêutica antirretroviral reduziu o risco de TB até 66% (HR = 0,34; 95% CI, 0,19-0,60; p <0,001).
Iniciar a terapêutica antirretroviral com contagem de células CD4 acima de 350/mm3 teve, também, um impacto significativo na incidência de TB. A combinação dos resultados dos três estudos que envolveram pessoas com contagem de células CD4 acima deste nível demonstrou que iniciar a terapêutica antirretroviral reduziu o risco de TB até 57% (HR = 0,43; 95% CI, 0,30-0,63; p< 0,001).
“A revisão sistemática indica que a terapêutica antirretroviral está fortemente associada à redução da incidência de tuberculose em adultos que vivem com a infeção pelo VIH, independentemente do valor de células CD4”, comentam os autores. “A conclusão principal é que a terapêutica antirretroviral tem um impacto significativo na prevenção da tuberculose em adultos com contagem de células CD4 acima de 350/mm3, é consistente com estudos conduzidos em países desenvolvidos e deve ser tida em conta pelos profissionais de saúde, investigadores, decisores e pessoas que vivem com VIH quando se pensa nos benefícios e riscos em iniciar a terapêutica antirretroviral acima de 350 células/mm3.”
Referência
Suthar AB et al. Antiretroviral therapy for prevention of tuberculosis in adults with HIV: a systematic review and meta-analysis. PLoS Medicine 9(7): e1001270, 2012.
Michael Carter
Published: 03 September 2012
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