segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

O exercício físico pode contribuir para um melhor funcionamento do sistema imunológico?

Os efeitos do exercício sobre o sistema imune em soropositivos ainda são alvo de pesquisas que buscam um posicionamento mais concreto. Alguns estudos, como o citado na obra McArdle, Katch e Katch (2003), feito por Keast et al. (1988), comprovaram que uma sessão de exercício com intensidade moderada reforça as funções imunes naturais e outras defesas por até várias horas após. Os efeitos mais proeminentes incluem um aumento na atividade dos linfócitos NK, que proporcionam a primeira linha de defesa do organismo contra diversos patógenos. Em outros estudos, feitos com pacientes soropositivos que praticavam exercícios físicos regularmente, alguns autores, como Borges (2005), LaPerriere et al. (1994), Perna et al. (1999), Terry et al. (1999) constataram um aumento ou pelo menos tendência a aumento de CD4 em exercícios aeróbios realizados com intensidade e duração moderado-média. Ainda assim, Lazzarotto et al. (2010) concluíram que o aumento de CD4 e a diminuição da carga viral não foram evidenciados na maior parte dos estudos em sua revisão de literatura sobre o assunto. O efeito contrário pode ocorrer quando se trata de exercícios aeróbios ou atividades intensas por período prolongado. Valores de linfócitos achados por MacArthur et al. (1993) indicam que um período prolongado de exercício ou outras formas de atividades intensas, de estresse extremo, produzem efeito oposto, enfraquecendo os mecanismos imunes normais que combatem infecções. Dessa forma, a prática desse tipo de exercício, principalmente por períodos prolongados, não é recomendada, por tornar os soropositivos vulneráveis a infecções oportunistas, gripes e resfriados. Um treinamento com exercícios regulares e de forma moderada, mesmo que haja progressão na intensidade e na duração, é recomendável e parece exercer um efeito desejável sobre as funções imunes naturais, além de aos poucos possibilitar a evolução do exercício, aumentando sua capacidade para realizá-lo, a resistência e a carga utilizada. A recomendação nesses estudos é de que a duração da sessão de treinamento não ultrapasse 90 minutos e possa trabalhar diferentes componentes, como a força, a resistência aeróbia e a flexibilidade. Autores como Calabrese e LaPerriere (1993) não consideram risco qualquer intensidade do exercício, mesmo que alta, ou atividades competitivas a portadores assintomáticos; porém, esforços exaustivos e prolongados não são recomendados, já que as respostas imunes são influenciadas, por exemplo, pelo nível de adrenalina. Vale ressaltar que de forma alguma o exercício poderá substituir a terapia com medicamentos no caso da infecção
18 Tudo em Cima! Exercícios físicos e qualidade de vida com HIV
pelo HIV. Não se deve abdicar do uso de medicamentos a fim de utilizar a prática de exercícios como recurso para preservar e até melhorar a função imune.


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