quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

A história de Amaryllis

Minha história é simples e cor­riqueira. Fui con­tam­in­ada pelo meu ex-mar­ido há oito anos. Sou assin­tomática e só descobri o vírus em 1999.
A sep­aração aconte­ceu em 1992.
Desde então, nunca mais o vi, mesmo porque não tive­mos fil­hos. Soube que ele andou me rodeando nos idos de 1994, mas creio eu, não teve cor­agem de se aprox­i­m­ar. Acredito que foi quando descobriu sua sor­o­pos­it­ivid­ade.
Mais tarde, re­cebi um re­cad­inho in­direto, at­ravés de uma amiga que o en­con­trou cas­u­al­mente na rua, para que eu fizesse um ex­ame anti-HIV.
Gostar­ia que ele tivesse me con­ta­do antes, porque as­sim, eu po­der­ia es­tar me tratando há mais tempo.
Tra­balho na área de educação e, há uns três anos, resolvi es­cre­ver um liv­ro sobre pre­venção da Aids, di­ri­gido a cri­anças em fase pré-escol­ar; lin­guagem lúdica, simples e in­fant­il.
Pesqui­sei, li, estudei muito sobre o as­sunto e es­crevi a história sempre me colocando na posição de porta­dora do HIV. Eu já era e não sabia…
Tomei os maiores e to­dos os cuid­a­dos quanto à redação para não deix­ar nen­hum tipo de “má-in­ter­pretação”, idéia de pre­con­ceito ou dis­crim­inação, sempre val­or­iz­ando a solid­ar­iedade e a cid­adania. O liv­ro foi ped­ago­gica­mente rev­isto e aprovado, e por essa épo­ca, fiz uma cirur­gia simples. Foi quando descobri­ram a minha sor­o­lo­gia, por iro­nia do des­tino.
Parece que aquele meu tra­balho havia apare­cido na minha vida para me pre­parar à minha própria real­id­ade.
De­pois da minha sep­aração, min­has relações sexuais fo­ram sempre se­gur­as.
Mas – puxa! – como é difícil! Con­heci, há pou­co tempo, um cara neg­at­ivo… e boooom! Paixão ime­di­ata, uma loucura, uma vont­ade lou­ca de se ver, de es­tar junto, de se to­car, de se ouvir, aquelas coisas to­das. A relação foi es­quent­ando até que chegou a “tal hora de con­tar”.
Meu mundo de­s­abou nova­mente como quando descobri o vírus. Foi a minha primeira paixão pós-HIV.
Na hora, ele aceit­ou, disse que não havia prob­lema nen­hum, e aquela balela toda, mas com o cor­rer dos di­as, a distância entre nós foi se tor­nando maior, até que nem nos faláva­mos mais.
Droga de sen­ti­mento de re­jeição.
E es­tou aqui, viva, graças a Deus, um ano de­pois da descoberta, vivendo o mel­hor possível. Assin­tomática, mantenho rig­orosamente meu trata­mento e tra­balho muito p/ pôr em prática pro­je­tos que tenho ini­cia­dos, al­guns ped­agógi­cos, out­ros de minha vida pess­oal.
Por: Am­aryl­lis

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