quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

A história de Amaryllis

Minha história é simples e cor­riqueira. Fui con­tam­in­ada pelo meu ex-mar­ido há oito anos. Sou assin­tomática e só descobri o vírus em 1999.
A sep­aração aconte­ceu em 1992.
Desde então, nunca mais o vi, mesmo porque não tive­mos fil­hos. Soube que ele andou me rodeando nos idos de 1994, mas creio eu, não teve cor­agem de se aprox­i­m­ar. Acredito que foi quando descobriu sua sor­o­pos­it­ivid­ade.
Mais tarde, re­cebi um re­cad­inho in­direto, at­ravés de uma amiga que o en­con­trou cas­u­al­mente na rua, para que eu fizesse um ex­ame anti-HIV.
Gostar­ia que ele tivesse me con­ta­do antes, porque as­sim, eu po­der­ia es­tar me tratando há mais tempo.
Tra­balho na área de educação e, há uns três anos, resolvi es­cre­ver um liv­ro sobre pre­venção da Aids, di­ri­gido a cri­anças em fase pré-escol­ar; lin­guagem lúdica, simples e in­fant­il.
Pesqui­sei, li, estudei muito sobre o as­sunto e es­crevi a história sempre me colocando na posição de porta­dora do HIV. Eu já era e não sabia…
Tomei os maiores e to­dos os cuid­a­dos quanto à redação para não deix­ar nen­hum tipo de “má-in­ter­pretação”, idéia de pre­con­ceito ou dis­crim­inação, sempre val­or­iz­ando a solid­ar­iedade e a cid­adania. O liv­ro foi ped­ago­gica­mente rev­isto e aprovado, e por essa épo­ca, fiz uma cirur­gia simples. Foi quando descobri­ram a minha sor­o­lo­gia, por iro­nia do des­tino.
Parece que aquele meu tra­balho havia apare­cido na minha vida para me pre­parar à minha própria real­id­ade.
De­pois da minha sep­aração, min­has relações sexuais fo­ram sempre se­gur­as.
Mas – puxa! – como é difícil! Con­heci, há pou­co tempo, um cara neg­at­ivo… e boooom! Paixão ime­di­ata, uma loucura, uma vont­ade lou­ca de se ver, de es­tar junto, de se to­car, de se ouvir, aquelas coisas to­das. A relação foi es­quent­ando até que chegou a “tal hora de con­tar”.
Meu mundo de­s­abou nova­mente como quando descobri o vírus. Foi a minha primeira paixão pós-HIV.
Na hora, ele aceit­ou, disse que não havia prob­lema nen­hum, e aquela balela toda, mas com o cor­rer dos di­as, a distância entre nós foi se tor­nando maior, até que nem nos faláva­mos mais.
Droga de sen­ti­mento de re­jeição.
E es­tou aqui, viva, graças a Deus, um ano de­pois da descoberta, vivendo o mel­hor possível. Assin­tomática, mantenho rig­orosamente meu trata­mento e tra­balho muito p/ pôr em prática pro­je­tos que tenho ini­cia­dos, al­guns ped­agógi­cos, out­ros de minha vida pess­oal.
Por: Am­aryl­lis

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Positivos - depoimentos



Há mais de du­as déca­das con­vi­ven­do com o vírus HIV, o ca­be­lei­rei­ro Wan­der­ley en­fren­tou re­jeição e mui­tos con­tra­tem­pos quan­do des­co­briu a do­ença, mas uma força mai­or ali­men­ta­da por seu pa­trão e prin­ci­pal­men­te pe­la de­ter­mi­nação que ele pas­sou a ter mu­dou o ru­mo de uma história que pa­re­cia não ter fi­nal fe­liz


Era uma tar­de co­mum, 21 anos atrás, du­ran­te o dia de tra­ba­lho em um salão da Asa Nor­te, quan­do o ca­be­lei­rei­ro ca­ri­o­ca Wan­der­ley Es­trel­la, 47, sen­tiu as do­res que eram o anúncio de uma mu­dança ra­di­cal em sua vi­da. A ca­da mi­nu­to, as pon­ta­das na bar­ri­ga fi­ca­vam mais for­tes, o su­or es­cor­reu frio e o en­joo veio lo­go em se­gui­da. Uma se­ma­na de­pois, a fi­si­o­no­mia de Wan­der­ley ha­via se trans­for­ma­do. O ho­mem al­to, atra­en­te e saudável pa­re­cia ter de­sa­pa­re­ci­do.

Ti­nha per­di­do 20kg.

O tor­men­to não aca­ba­va. Um co­le­ga de tra­ba­lho acon­se­lhou-o a fa­zer o tes­te de HIV. “Aque­les sin­to­mas não eram nor­mais. Fui ao la­bo­ratório com a cer­te­za de que da­ria po­si­ti­vo”, lem­brou Wan­der­ley. A in­tuição es­ta­va cor­re­ta. Ao re­ce­ber o re­sul­ta­do, ele sen­tiu co­mo se o chão ti­ves­se de­sa­pa­re­ci­do de­bai­xo de seus pés. A vi­da se mos­trou po­de­ro­sa, ines­pe­ra­da, do­na de si. Um mo­men­to que acon­te­ceu em al­gum dia dos 10 anos an­te­ri­o­res à des­co­ber­ta do “po­si­ti­vo” dei­xou mar­cas eter­nas em Wan­der­ley. “Eu fui con­ta­mi­na­do en­tre os anos 1978 e 1980. Eu era jo­vem, na noi­te do Rio de Ja­nei­ro. Na­que­la épo­ca, o se­xo era li­vre. Nem se fa­la­va em CA­MI­SI­NHA. Foi na mes­ma épo­ca do Ca­zu­za”, lem­brou.

À épo­ca do di­agnósti­co, Wan­der­ley já es­ta­va em Brasília, lu­gar pa­ra on­de se mu­dou em 1984.

Veio pa­ra pas­sar três di­as e aca­bou fi­xan­do re­sidência.

Apai­xo­nou-se pe­la ci­da­de-par­que. Tu­do era gla­mour an­tes do tal “po­si­ti­vo.” Acos­tu­ma­do a cui­dar das ca­beças mais exi­gen­tes de Brasília e a fre­quen­tar lo­cais de clas­se A, ele se viu di­an­te de um mons­tro: o pre­con­cei­to. Achou que ia per­der o em­pre­go, que a vi­da aca­ba­ria ali. “Na­que­le tem­po, quan­do você re­ce­bia um re­sul­ta­do po­si­ti­vo, era o mes­mo que com­prar um caixão”, dis­se. Mas o che­fe foi sen­sa­to, apoi­ou o fun­ci­onário de­di­ca­do. “Ele me dis­se: ‘Ago­ra você só tem uma opção, e é con­ti­nu­ar a vi­da, to­mar o co­que­tel e tra­ba­lhar'”.

Aban­do­no

Os ami­gos, porém, de­sa­pa­re­ce­ram.

Não que­ri­am aper­tar a mão de Wan­der­ley, beijá-lo, di­vi­dir um co­po.

Com­par­ti­lhar o mes­mo ta­lher ou ba­nhei­ro? Nem pen­sar. A ig­norância so­bre as for­mas de contágio do vírus afas­ta­ram até as pes­so­as mais próxi­mas.

“Pa­re­cia que um bu­ra­co enor­me ti­nha si­do aber­to ao meu re­dor. A re­jeição não pre­ci­sa ser ex­pres­sa em pa­la­vras, a gen­te sen­te no olhar das pes­so­as.” O ca­be­lei­rei­ro, acos­tu­ma­do a ser que­ri­do, não re­sis­tiu a tan­ta hos­ti­li­da­de.

En­tre­gou-se ao al­co­o­lis­mo.

Ven­deu car­ro e ca­sa con­quis­ta­dos com mui­to es­forço pa­ra mer­gu­lhar na be­bi­da. “Era mi­nha úni­ca fu­ga.” Wan­der­ley apren­deu, ain­da me­ni­no, a se vi­rar e a su­pe­rar de­sa­fo­ros. Saiu de ca­sa pré-ado­les­cen­te.

Não se sen­tia acei­to, não per­ten­cia à própria família.

En­fren­tou o pri­mei­ro pre­con­cei­to, aque­le con­tra ho­mos­se­xu­ais. “A mi­nha ori­en­tação se­xu­al era con­si­de­ra­da uma do­ença en­tre os meus fa­mi­li­a­res.

Saí so­zi­nho no mun­do e fui tra­ba­lhar em um salão de eli­te do Rio de Ja­nei­ro. Ra­pi­di­nho eu es­ta­va apa­re­cen­do nos jor­nais ca­ri­o­cas e co­meçou a apa­re­cer pa­ren­te que­ren­do me ver. Mas era tar­de.” Com as di­fi­cul­da­des, Wan­der­ley apren­deu a re­nas­cer.

Força

De­pois da cri­se, não de­mo­rou mui­to e ele se re­er­gueu, pa­rou de be­ber. “En­con­trei força em Deus. Ele me fa­zia pen­sar: se eu pos­so vi­ver uma vi­da nor­mal, por­que vou de­sis­tir? Te­nho to­do di­rei­to de ser fe­liz”, lem­brou. Quan­do de­ci­diu vol­tar a tra­ba­lhar, em 2002, Wan­der­ley en­con­trou es­paço no Salão Hélio Dif­fu­si­on, um dos mais ba­da­la­dos de Brasília. Não es­con­deu de nin­guém que era por­ta­dor de HIV. De­ci­diu que o pre­con­cei­to não iria vencê-lo ou aba­far sua au­to­es­ti­ma.

Pa­ra com­por um no­vo Wan­der­ley, ele ado­tou um vi­su­al pe­cu­li­ar. Está sem­pre de ca­va­nha­que e lenço na ca­beça. O acessório é mul­ti­fun­ci­o­nal, es­con­de a calvície e dá um char­me ao mes­mo tem­po. “Es­co­lhi le­var a vi­da de ca­beça er­gui­da.” A re­lação com as cli­en­tes nun­ca foi pre­ju­di­ca­da pe­la do­ença. Ele aten­de mais de 45 ho­mens e mu­lhe­res por dia em bus­ca do cor­te ou tin­tu­ra per­fei­ta pa­ra os ca­be­los.

“As cli­en­tes me per­gun­tam se eu já to­mei o co­que­tel, se está na ho­ra do remédio”, con­ta. Com os avanços da me­di­ci­na, Wan­der­ley, que an­tes to­ma­va 23 remédi­os por dia e so­fria com os efei­tos co­la­te­rais, co­meçou a in­ge­rir no­ve com­pri­mi­dos di­a­ri­amHá dois anos, seus exa­mes re­sul­tam em car­ga vi­ral in­de­tectível. “Eu cha­mo o mo­men­to de to­mar o remédio de dar ração aos meus bi­chi­nhos. De­pois é ho­ra da ração da bi­cho­na aqui. Bom hu­mor é es­sen­ci­al”, dis­se, em meio a gar­ga­lha­das. Mas is­so não bas­ta­va. O ca­be­lei­rei­ro que­ria aler­tar a to­dos so­bre os ris­cos do se­xo sem se­gu­rança. Quem ele aten­de no salão e re­ce­be até PRE­SER­VA­TI­VOS de pre­sen­te. “Tem al­gu­mas pes­so­as que fa­lam: ‘Eu não pre­ci­so dis­so’. E eu di­go: ‘OK. Então você vai se dar mal co­mo eu me dei’. E elas mu­dam de ideia”, dis­se.

Lu­ta

Em 2007, Wan­der­ley pre­ci­sou ser in­ter­na­do.

“Fi­quei cin­co me­ses na Fra­ter­ni­da­de As­sis­ten­ci­al Lu­cas Evan­ge­lis­ta (Fa­le). A mai­or uni­ver­si­da­de da mi­nha vi­da foi ou­vir as ou­tras pes­so­as que es­ta­vam in­ter­na­das lá, co­nhe­ci vári­as re­a­li­da­des. Le­van­tei de lá dis­pos­to a pe­dir meu em­pre­go de vol­ta”, re­la­tou. O pa­trão re­ce­beu Wan­der­ley de braços aber­tos e ain­da ofe­re­ceu a ele um can­ti­nho pa­ra mo­rar. “Eu só ti­nha uma sa­co­la de rou­pa, quan­do vol­tei.” Na­que­le mo­men­to, Wan­der­ley sen­tiu que po­dia con­tar com a vi­da ou­tra vez. Fi­cou agra­de­ci­do. To­do mês, ele e ou­tros co­le­gas de tra­ba­lho vão à Fa­le pa­ra ofe­re­cer cui­da­dos de be­le­za aos pa­ci­en­tes. No próxi­mo do­min­go, o ex-pa­ci­en­te es­tará lá.

O ati­vis­mo de Wan­der­ley é con­ta­gi­an­te. O do­no do salão on­de ele atua já fa­zia tra­ba­lhos so­ci­ais an­tes de co­nhecê-lo, mas de­pois de ver de per­to a ro­ti­na de um por­ta­dor de HIV se en­ga­jou ain­da mais na lu­ta con­tra a do­ença e apoia pro­je­tos li­ga­dos ao te­ma. Além da dis­tri­buição de ca­mi­si­nhas no salão, há até cartões-pos­tais com o te­ma an­ti-HIV. Os pro­fis­si­o­nais do Hélio também par­ti­ci­pam de ini­ci­a­ti­vas da or­ga­ni­zação Ca­be­lei­rei­ros con­tra AIDS, um pro­je­to da Or­ga­ni­zação das Nações Uni­das pa­ra a Edu­cação, a Cul­tu­ra e a Ciência (Unes­co).

Ho­je, três anos de­pois, Wan­der­ley con­se­guiu se rein­ven­tar.

“Um por­ta­dor de HIV só pre­ci­sa de qua­tro coi­sas pa­ra vi­ver bem: to­mar a me­di­cação sem­pre na ho­ra cer­ta, se ali­men­tar bem, se­xo se­gu­ro e não usar nun­ca pa­la­vras ne­ga­ti­vas”, afir­mou.

Wan­der­ley, em bre­ve, vai re­a­li­zar um dos seus so­nhos: está aca­ban­do de cons­truir uma “mansão”, co­mo ele mes­mo diz. Cheia de pássa­ros e ver­de. “A gen­te é co­mo uma nas­cen­te de água pu­ra. Tem um cur­so a se­guir. Quan­do sur­ge al­gum obstácu­lo, co­mo as ro­chas, por ex­em­plo, a nas­cen­te faz uma ca­cho­ei­ra. O ser hu­ma­no também po­de ser as­sim e se su­pe­rar sem­pre”, en­si­na.

Wan­der­ley não se can­sa de co­me­mo­rar o fa­to de es­tar no mun­do. “Quan­do eu com­ple­tar 50 anos, que­ro fa­zer uma me­ga­fes­ta na mi­nha ca­sa no­va.

Vai ser à mo­da ca­ri­o­ca, com mui­ta fei­jo­a­da. Uma ce­le­bração da vi­da”, con­cluiu.

gen­te é co­mo uma nas­cen­te de água pu­ra. Tem um cur­so a se­guir. Quan­do sur­ge al­gum obstácu­lo, co­mo as ro­chas, por ex­em­plo, a nas­cen­te faz uma ca­cho­ei­ra. O ser hu­ma­no também po­de ser as­sim e se su­pe­rar sem­pre” “Um por­ta­dor de HIV só pre­ci­sa de qua­tro coi­sas pa­ra vi­ver bem: to­mar a me­di­cação sem­pre na ho­ra cer­ta, se ali­men­tar bem, se­xo se­gu­ro e não usar nun­ca pa­la­vras ne­ga­ti­vas” Wan­der­ley Es­trel­la, ca­be­lei­rei­ro

COR­REIO BRA­ZI­LI­EN­SE – DF | ECO­NO­MIA

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Os desafios de um adolescente com HIV

Os adolescentes encaram uma serie de desafios incomparáveis — e geralmente menos valorizados — no que diz respeito à assistência medica efetiva e tratamentos bem-sucedidos do vírus HIV. John Steever, Medico no Centro de Saúde de Adolescentes do Centro Medico Monte Sinai em Nova York está profundamente familiarizado com estes desafios: ele supervisiona os cuidados de aproximadamente 100 jovens HIV – positivo.

O Dr. Steever falou por telefone com Mathew Rodriguez, nosso Editor da Comunidade Local, sobre o trabalho dele e sobre como os cuidados com o HIV em adolescentes difere dos cuidados do HIV em adultos, e as maiores prioridades que os prestadores de serviços médicos deveriam ter em mente quando tratarem adolescentes HIV-positivo.

Você pode dizer um pouco sobre o Centro de Saúde Adolescente do Monte Sinai e qual seu papel la

O Centro de Saúde Adolescente é na verdade um dos maiores centros de saúde adolescente auto-sustentável dos Estados Unidos. Lá nós vemos todos os anos por volta de 12, 000 indivíduos únicos. Nós fazemos isto de graça para a juventude; nós não cobramos nada deles. Nós somos livres de várias concessões, assim podemos oferecer assistência medica sem nenhuma barreira para os adolescentes.

Eu sou um dos médicos lá, então eu vejo jovens de todos os tipos, de idades entre 12 a 24 ou 25 anos. Nós todos fazemos muitas assistências medicas reprodutivas; trabalhos de GIN (ginecologia), testes de DST`s (Doenças Sexualmente Transmissíveis), testes de gravidez, doação de métodos de controle de natalidade. E tudo isso é feito de graça para as crianças. Então, todos os exames laboratoriais que nós fazemos são gratuitos. Todos os métodos de controle de natalidade que nós doamos são gratuitos. Nós doamos amostras. E então quando nós tratamos DST’s, nós também doamos amostras. Então a juventude não encontra muitos obstáculos para conseguir cuidados médicos. Nós somos realmente super compreensivos. Nós temos uma ala de cuidados médicos. Nós temos uma ala de cuidados ginecológicos. Nós temos uma ala de saúde mental, incluindo psicólogos, assistentes sociais e psiquiatria infantil. Nós também temos educadores em saúde. Nós temos uma nutricionista na equipe. Nós temos um advogado na equipe para jovens que possam precisar de assistência jurídica. Nós temos uma clinica dentaria, e uma nova clinica de olhos que esta disponível aos jovens. E todos estes serviços são gratuitos. Nós fazemos uma combinação de agendamentos e encaixes.

O que eu faço dentro daquele grupo: eu especializo e supervisiono o cuidado medico dos adolescentes soropositivos. Nós temos por volta de 100 jovens em cuidados que tem HIV; alguns nasceram com o vírus (aquisição perinatal), mas a maioria deles contraiu através do ato sexual. E a maiores deles são jovens rapazes de cor que fazem sexo com outros homens – então este panorama reflete um pouco a epidemia na cidade de Nova York.

domingo, 28 de dezembro de 2014

Jovens com HIV


Tenovir 2.0

O Tenofovir (Viread), um dos antiretrovirais (ARVs) mais amplamente prescritos e o alicerce da terapia em HIV de primeira linha está ganhando um novo aprimoramento. No dia 6 de Novembro, a Gilead Sciences, que fabrica o medicamento, solicitou a Administração de Alimentos e Medicamentos Americana (FDA, em inglês) a aprovação de um regime de pílula única com os mesmos componentes do Stribild (elvitegravir/cobicistat/tenofovir/emtricitabina) somente com uma versão modificada do tenofovir. O tenofovir melhorado oferece vários benefícios sobre a tradicional tomada do inibidor de transcriptase reversa do nucleosídeo (NRTI, em inglês) e parece pronto para fazer vários regimes já altamente tolerados ainda mais tolerados.

O Tenofovir disoproxil fumarate, abreviado como TDF, é o nome completo genérico da forma atual do medicamento. O TDF é um componente de três dos quatro tabletes de combinação ARV de pílula única diária no mercado hoje: Atripla (efavirenz/tenofovir/emtricitabina), Complera (rilpivirina/tenofovir/emtricitabina) e Strilbid. Além disso, o TDF compõe metade do Truvada (tenofovir/emtricitabina) que além de seu uso aprovado como tratamento para o HIV está aprovado como profilaxia pré-exposição (PrEP) ao prevenir a aquisição do vírus entre pessoas HIV-negativo bem como para tratar o vírus da Hepatite B (HBV).
O tenofovir é vital ao panorama de tratamento do HIV. De acordo com a Gilead, aproximadamente 84 por cento dos americanos HIV-positivo que estão em tratamento usam um regime ARV contendo TDF. E entre aqueles que estão usando o regime ARV pela primeira vez, a 88 por cento deles é prescrito um regime inclusivo de TDF.
A versão 2.0 do medicamento é conhecida como tenofovir alafenamida fumarate ou TAF. Tanto o TDF quanto a TAF são pró-medicamentos o que significa que eles são convertidos à sua forma ativa dentro do corpo. Mas enquanto o TDF é convertido fora das células imunitárias, o TAF é convertido dentro delas. Portanto, na realidade, o TAF mira melhor aquelas células; conseqüentemente há muito menos resíduos do medicamento na corrente sangüínea para causar toxicidades. Por causa desta mira concentrada, a dose necessária de TAF é apenas 10% da do TDF, liver, Macrophagemelhorando o perfil de toxicidade do TAF e fazendo o medicamento mais fácil de combinar em regimes de combo de pílula única já que seu volume está diminuído. A dose pode ser diminuída ainda mais quando o TAF é combinado com o agente impulsionador Tybost (cobicistat) que como o Norvir (ritonavir) aumenta os níveis de certos ARVs no corpo.
No pedido da Gilead à FDA para aprovação do TAF – contendo a tomada do Strilbid (que, se aprovado, receberia um novo nome, enquanto o Stribild antigo permaneceria no mercado) a companhia submeteu dados de 48 semanas dos dois estudos da Fase III, no qual o tablete de combinação contendo o TAF provou ser tão eficaz quanto o TDF contendo Stribild quando dado a pessoas com HIV que nunca receberam nenhum tipo de tratamento. Em notícias promissoras, o novo tablete alardeava rins com melhor aspecto e ossos mais fortes. 
Uma pesquisa recente em outro regime de pílula única, contendo o TAF junto com Tybost – os impulsores Prezista (darunavir) e Emtriva (emtricitabina) também descobriu que o tablete é menos tóxico do que um regime multi-pílula comparável que inclui o TDF enquanto alardeava a mesma eficácia. 
As pessoas que tomam TDF estão em risco de toxicidade renal de leve a moderada. Conseqüentemente, as orientações recentemente atualizadas no tratamento da Associação Médica ao HIV recomenda que aqueles com função renal reduzida não devam seguir os regimes contendo TDF. Além do mais, a maioria das pessoas tomando a versão antiga do tenofovir irão experimentar de 1 a 2% de queda na densidade mineral óssea. Entretanto, na maioria dos casos, esta queda não resultará a um resultado clinicamente significante tais como fraturas. Então, de modo geral, o TDF é um medicamento de baixo risco o que é uma razão primária do porque é amplamente prescrito.
 “O TAF é emocionante porque irá reduzir até mesmo estes riscos,” diz Tony Mills, Médico, um especialista em HIV em West Hollywood. Ele ressalta que tal melhoria no perfil de toxicidade pode re-assegurar clínicos gerais que são geralmente cautelosos ao prescrever medicamentos que eles crêem que estão relacionados a agentes quimioterápicos.
 O porta-voz da Gilead, Ryan McKeel, ressalta que uma melhora no perfil de toxicidade do TAF é particularmente atraente para uma população de HIV que está envelhecendo. Afinal de contas, envelhecer significa um risco maior de densidade mineral óssea menor e enfraquecimento renal.
 O TAF também pode oferecer benefícios no fronte de resistência ao medicamento. Pesquisas em andamento sugerem que pessoas as quais o vírus tem alguma resistência ao TDF podem ter sucesso com o TAF. Isto é uma boa notícia considerando quão fortemente dependente a população com HIV é do tenofovir. Além do mais, se as pessoas tomando Truvada como PrEP contraírem o HIV e então desenvolver resistência ao tenofovir, tratá-los com um regime contendo TAF pode provar a eficácia – assim acalmando (se potencialmente dissipada) preocupação sobre o PrEP. Entretanto, TIM Horn, diretor de projetos em HIV no Grupo de Ação ao Tratamento especula que os benefícios da aparente resistência ao medicamento tem um limite e que o medicamento pode não ser uma opção viável para aqueles com resistência extensa ao NRTI.
provavelmente não estão muito felizes sobre ver o TAF integrado ao arsenal de combate ao HIV são aqueles que pagam as contas. O TDF está marcado para perder sua patente em 2018, abrindo a porta para a produção de genéricos e uma provável queda no custo para os novos competidores. Mas a Gilead espera que a patente do TAF deva ser executada até 2025. Por conta das nuances nas leis de patentes de medicamentos, a Gilead pode usar o TAF como uma ferramenta para manter o recebimento de lucros do portfólio de medicamentos para o HIV da companhia, que está em processo de amadurecimento; adicionando o TAF a terapias de combinação de dose fixa que incluem ARVs com pacientes que estão falecendo e irão estender a patente para todas as combinações de pílula. A nova versão do Stribild provavelmente ficará na patente até 2029. Em outro movimento habilidoso, a Gilead não está desenvolvendo o TAF como um medicamento único, o que exclui a possibilidade de vir a juntar equivalentes genéricos de pílulas de combinação inclusivas do TAF.
De acordo com Horn, não é segredo que a Gilead sabia sobre a tecnologia do TAF desde o começo do século 21.
“Porque a Gilead decidiu manter segredo sobre isto até agora, em termos de seu desenvolvimento clínico – estão razões são certamente misteriosas”, Horn diz ironicamente. “Que esta tecnologia não parece estar fazendo a luz do dia até que o TDF esteja no crepúsculo de sua proteção de patente muito provavelmente não é uma coincidência”.
Em outras palavras, parece certo que a Gilead escondesse o TAF até que a hora fosse apropriada para lutar com a concorrência dos genéricos e proteger os lucros nos anos que estão por vir.
Tradução: Rodrigo Sgobbi Pellegrini




sábado, 27 de dezembro de 2014

Aumenta infectados no Peru.

O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/AIDS (UNAIDS, na sigla em inglês) advertiu em seu relatório de 2013 que “os homens que fazem sexo com homens representam a maior fonte de novas infecções” na América Latina, chegando a somar 56% no Peru.

Estes resultados confirmam uma tendência de contágio na comunidade homossexual que se pode encontrar em países com maior acesso a preservativos, usados comumente para combate o HIV/AIDS, como é o caso dos Estados Unidos.

Os Centros para o Controle e para a Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) informaram que em 2010, “os homens que mantiveram relações sexuais com homens representaram 78% das novas infecções por HIV entre os homens e 63% de todas as novas infecções”.

Em declarações à ACI Imprensa, o infectologista pediatra peruano Juan Carlos Tirado, membro do Comitê de Especialistas no tratamento de crianças que vivem com HIV/AIDS, apontou que “na realidade os homens que fazem sexo com homens (HSH) sempre foram o principal grupo populacional de risco, afetado pela epidemia do HIV desde sua identificação em São Francisco e também aqui no Peru”.

O doutor Tirado indicou também que “sabe-se que a prevalência da infecção por HIV especificamente em HSH teve crescimento nos últimos anos”.

“Se aceitamos que a prevalência de infecção em homens que fazem sexo com homens tem aumentado nos últimos anos, existe uma dinâmica populacional que inclui os bissexuais”, apontou, “aquelas pessoas que fazem sexo com HSH, mas ao mesmo tempo mantêm uma relação do tipo sexual com uma mulher, que pode ser sua parceira, convivente, esposa, contato esporádico, etc.”.

O grupo de pessoas bissexuais, advertiu, é difícil de estudar, e serve “de ponte entre a população de homens que fazem sexo com homens com HIV e a população geral”.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Feliz 2015!


Devemos refletir muito de como queremos que seja nosso 2015! Já que vejo que o maior medo da maioria dos portadores do HIV é o medo de ficar sozinho, já que o maior fator da depressão e do isolamento e o julgamento da sociedade e o temido preconceito. Por isso desejamos que seu 2015, seja fortalecido com uma grande força e com o respeito e atitude necessária que você possa vencer a todas as barreiras e obstáculos que podem ser impostos no ano que se inicia. E você possa sempre contar conosco no que precisar. 
São os sinceros votos da equipe Ciclo Positivo!




quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Médico é acusado de infectar mais de 100 pessoas com HIV

Um médico não licenciado é suspeito de negligência ao infectar mais de 100 aldeões, no noroeste de Camboja, com o vírus HIV.
Yem Chhrin foi acusado de assassinato cruel e intencional, ao espalhar o vírus HIV nas pessoas e praticar a medicina sem licença.
Autoridades de saúde disseram que 106 pessoas, em mais de 800 testadas, foram verificadas possuindo o vírus.
Uma equipe de especialistas, incluindo peritos dos EUA e da ONU, foram enviados para a província de Battambang, para determinar o alcance da transmissão do HIV.
Seng Loch, um oficial superior da polícia provincial, disse que o suspeito reconheceu ter reutilizado seringas para o tratamento de pacientes, uma prática que pode espalhar o HIV.
O policial também disse que o homem de 53 anos era popular na comunidade por causa de sua bondade e os cuidados de saúde e tratamentos que ele tinha vindo a realizar durante muitos anos, mesmo sem nenhuma formação médica.
Os moradores infectados estão na faixa etária de 3 a 82 anos de idade.
Fonte: Daily Mail

Descaso na saúde do Piaui

Os casos de AIDS têm avançado no estado do Piauí nos últimos anos. De 495 novos registros em 2012, o número aumentou para 592 descobertas de infecções pelo vírus. Além do nítido avanço da doença, as dificuldades dos pacientes piauienses também têm aumentado na mesma proporção, como é o caso do público atendido pelo Instituto de Doenças Tropicais Natan Portela, em Teresina, que apresenta problemas para atender a demanda.
Segundo recomendação do Ministério da Saúde, devem ser feitos entre oito e 10 atendimentos por médico, uma vez que as consultas relacionadas ao vírus da AIDS exigem cuidados minuciosos. O que acontece no Hospital Natan Portela é, que devido à grande procura, os profissionais infectologistas, que são apenas quatro, chegam a atender até 12 pacientes por dia, e mesmo assim as filas para consultas apresentam até três meses de espera.
De acordo com a infectologista e diretora do hospital Elna Amaral, a instituição continua sendo referência dentro da área no Piauí, mas devido à grande procura, inclusive por pacientes de outros estados, o número de médicos disponíveis acaba sendo insuficiente e a formação de filas de espera acaba sendo inevitável.
“A fila é realmente muito grande. Nós somos um hospital de referência no estado do Piauí e contamos com o Lineu Araújo para ajudar com os casos de Teresina, mas aqueles do interior do estado ficam no Natan Portela, e acabamos absorvendo casos do Maranhão, do Pará e do Tocantins, e a quantidade de médicos passa a ser insuficiente para atender a demanda dos que permanecem bem, mas que precisam estar em constante consulta médica e os que estão chegando”, conta.
Além dos problemas relacionados ao atendimento, o sindicato dos servidores da saúde denuncia também a precariedade dos equipamentos de uso médico, que estariam abaixo da qualidade necessária aos serviços prestados. Edna Alves, a presidente do sindicato ressalta as dificuldades diárias na unidade.
“Só temos quatro médicos fazendo o atendimento e são 12 consultas por dia. Existe material para trabalhar, mas é de péssima qualidade. Muitas vezes você calça uma luva e ela rasga. Se calçam até quatro luvas para conseguir uma que vai dar certo. Temos também as seringas que  não acoplam com as agulhas”, descreve.
Segundo a secretaria estadual de saúde, o hospital desconhece o problema com os equipamentos, mas admite que o número de profissionais é baixo para a demanda, havendo a necessidade de um novo concurso público para suprir a carência.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Balanço de 2014

Com um balanço dos sucessos e desafios de 2014, o diretor do Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais (DDAHV), Fábio Mesquita, abriu na última quarta-feira, 4, a última reunião de coordenadores estaduais e municipais de DST, AIDS e Hepatites Virais de 2014. Coordenadores de todo o país vieram a Brasília para se atualizar quanto aos progressos alcançados pelo órgão, os desafios que ainda persistem e o que se espera para o ano de 2015. O encontro – realizado no Carlton Hotel, em Brasília – foi encerrado na sexta-feira, 5.
Na pauta do primeiro dia do encontro, um balanço do Programa Nacional de DST e AIDS, quase 30 anos depois de seu lançamento, em maio de 1985: a situação atual do HIV, das DST e AIDS no Brasil; a agenda prioritária para 2015; a logística de medicamentos, com participação da Coordenação de Governança e Gestão do DDAHV; o teste rápido, com participação da Coordenação de Laboratório (CLAB) do Departamento; e a atual conjuntura e os próximos passos da bem-sucedida iniciativa Viva Melhor Sabendo, com a Coordenação de Prevenção e Articulação Social (CPAS).
Entre os destaques positivos do ano, o diretor apresentou as cascatas de cuidado contínuo e citou a estabilização de casos de AIDS no Brasil; a queda nas taxas de mortalidade; e a queda na transmissão vertical do agravo, rumo à eliminação absoluta dessa forma de transmissão, e na taxa de detecção de AIDS em crianças menores de 5 anos – “a melhor das as notícias”, disse o diretor. Fábio Mesquita falou também da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), da Profilaxia Pós-Exposição (PEP) e dos avanços quanto à padronização  do tratamento aos portadores de HIV/AIDS no Brasil. A despeito dos números animadores do Brasil – e de seu persistente protagonismo no cenário internacional – o diretor lembrou, no entanto, que “temos de avançar muito mais” rumo à meta das Nações Unidas de 90/90/90: 90% das pessoas diagnosticadas; 90% das pessoas diagnosticadas seguindo tratamento antirretroviral (TARV); 90% das pessoas em TARV com carga viral indetectável.
Quanto às crescentes taxas de detecção de AIDS entre jovens gays, Fábio Mesquita lembrou que o fenômeno não é exclusivo ao Brasil. “Países que não viveram a explosão inicial da epidemia, há 30 anos – como a Austrália e a Bélgica, por exemplo –, hoje enfrentam o fenômeno do crescimento das taxas de detecção entre jovens gays”, disse – mencionando também países como o Japão, os Estados Unidos e a China. “Estamos todos buscando uma solução para este problema”, reiterou.
A quinta-feira incluiu também um informe sobre o status quo da cooperação interfederativa promovida pelo Ministério da Saúde com o Rio Grande do Sul e o Amazonas, além de proposta de novas cooperações – com os estados do Rio de Janeiro e Santa Catarina – em 2015.
As apresentações foram intercaladas por momentos de debate livre, para a participação de todos. Foram apresentadas também as mensagens em vídeo do diretor executivo do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/AIDS (Unaids), Michel Sidibé, e do diretor do Departamento de HIV/AIDS da OMS, Gottfried Hirnschall – para quem o Programa Nacional de AIDS merece grande reconhecimento por conseguir, além de impactar a epidemia em território nacional, influenciar a resposta global à AIDS.
DIA 2 – No segundo dia do encontro, a Assessoria de Ações Estratégicas (AAE) apresentou uma proposta de capacitação em planejamento e monitoramento para os estados e municípios, de acordo com as normas e diretrizes do DDAHV.
O diretor Fábio Mesquita ainda apresentou a situação atual das hepatites virais no Brasil, com destaque para a iminente introdução de três novos e revolucionários medicamentos para o tratamento da hepatite C: sofosbuvir, simeprevir e daclatasvir. No momento, os medicamentos estão sob avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). As negociações em torno da adoção destes medicamentos foram especialmente céleres e financeiramente vitoriosas – motivando até mesmo uma manifestação de agradecimento por parte de ONGs de apoio a portadores de hepatites de todo o país na tarde da quinta-feira, 4. “A gente conseguiu isso porque, neste ano, houve a publicação de uma portaria nova, completamente diferente da história do Ministério da Saúde, que coloca juntos a Secretaria de Vigilância em Saúde, a Secretaria e Ciência e Tecnologia e a Anvisa para tomar decisões estratégicas. Essa decisão foi tomada em conjunto pelas três secretarias – e por isso contamos com o apoio delas e da Anvisa, mesmo com a pressa que a gente tem”, explicou o diretor Fábio Mesquita.
O encontro foi encerrado com a previsão de alguns grandes eventos para 2015: o X Congresso da Sociedade Brasileira de DST e o VI Congresso Brasileiro de AIDS.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Estamos no Skype

Estamos no skype, atendemos das 20:00 às 22:30 diariamente, nos adicione: ciclo.positivo



domingo, 21 de dezembro de 2014

Direitos do Trabalhador portador do HIV

Se eu me descobrir portador do HIV e revelar ao meu empregador, perderei o emprego?
Não. O resultado positivo em um exame de detecção do vírus da aids não é motivo para que o trabalhador seja demitido. Se esse fato vier a ocorrer, estará caracterizada a atitude discriminatória do empregador, o que é proibido pelo art. 7, inciso I da Constituição.
Tenho HIV. Sou obrigado a dizer a minha sorologia ao médico da empresa, no ato da minha admissão ao emprego, por exemplo?
Não. A lei garante o direito de não declarar a sua sorologia positiva, em momento algum (art. 5, X da Constituição). Principalmente porque o simples fato de ser soropositivo em nada afeta a sua vida profissional, estando o empregado portador do vírus sujeito aos mesmos deveres e direitos dos demais empregados.
E se a empresa exigir o exame de HIV para admissão, o que fazer?
A empresa não pode, em momento algum, exigir o exame de HIV de qualquer empregado. O exame adicional tem em vista a avaliação da capacidade laborativa do empregado na função (art. 168 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT). Se assim agir, ela estará infringindo normas éticas e legais e afrontará o seu direito à intimidade, podendo ficar caracterizada a restrição ou discriminação. Nesses casos, você poderá negar-se a fazer o exame ou denunciar a empresa junto aos órgãos competentes, já que a obrigatoriedade do teste é vedada pela interpretação dos dispositivos constitucionais, trabalhistas, administrativos e ético-profissionais, bem como instrumentos internacionais da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Por ser portador do HIV tenho estabilidade no emprego?
Não. O fato de ter o HIV não lhe garante qualquer estabilidade no emprego, já que não há qualquer norma nesse sentido. Contudo, a nossa legislação protege o trabalhador de dispensa arbitrária (art. 7, I da Constituição e art. 165 da CLT), impedindo que esse seja demitido tão somente por ser enfermo ou, no caso, por ter o HIV. Todavia, o fato de ser soropositivo ou doente de Aids em nada impede a demissão do empregado que cometa uma falta grave, por exemplo.
Tenho HIV, posso trabalhar em qualquer atividade?
Sim. O convívio social ou profissional com o empregado soropositivo ou doente de aids não representa qualquer situação de risco, podendo este trabalhar em qualquer atividade a que se sentir apto e que não venha em prejuízo de sua saúde e da saúde de outros. O Parecer 11/92 do Conselho Federal de Medicina informa que não existe necessidade de afastamento médico de trabalhador da área de saúde portador do HIV, recomendando a não-realização de procedimentos invasivos que, incidentalmente, possam provocar ferimentos.
O médico da empresa pode dizer ao meu empregador que sou portador do vírus da aids?
Não. O art. 105 do Código de Ética Médica impede que o médico dê informações confidenciais acerca do exame médico de trabalhadores, inclusive por exigência dos dirigentes de empresas ou instituições. Caso ele assim proceda há infração ética e civil, podendo responder juridicamente por violação de sigilo, cabendo indenização por danos morais.
A resolução do Conselho Federal de Medicina 1359/92 expõe expressamente no art. 3 que: “o médico que presta seus serviços à empresa está proibido de revelar o diagnóstico de funcionário ou candidato a emprego, inclusive ao empregador e à seção de pessoal da empresa, cabendo-lhe informar, exclusivamente, quanto à capacidade ou não de exercer determinada função.
O que deve fazer o empregador, se a condição do soropositivo ou doente de aids do empregado for conhecida pelos demais trabalhadores?
A empresa deve estar preparada para informar e esclarecer aos seus empregados a respeito das questões pertinentes à saúde. Com vistas a essas situações, ficou estabelecida a responsabilidade do empregador por meio da Portaria Interministerial 3195/88, de promover programas de prevenção e esclarecimento sobre HIV/aids. Deve ser ressaltado que a doença não se transmite pelo contato social e que o empregado pode continuar ativo no trabalho, aí podendo permanecer sem sofrer quaisquer tipos de discriminação. A convivência com ele não oferece qualquer risco à saúde dos demais trabalhadores.
Há em nossa empresa um trabalhador com HIV. Este, no momento, encontra-se com sua capacidade de trabalho reduzida. Como devemos agir?
Em geral a presença de HIV na vida do trabalhador não reduz sua capacidade de trabalhar. Contudo, se isso está ocorrendo, pode-se transferi-lo para outra função, compatível com seu estado de saúde, ou, então, quando qualquer atividade for impossível, encaminhá-lo ao serviço médico da empresa, com vista à avaliação e ao encaminhamento para o auxílio-doença (por incapacidade temporária) ou aposentadoria por invalidez (por incapacidade permanente). Lembramos que o papel do serviço de reabilitação funcional do INSS está definido na lei 8213/91, art 89. A habilitação e a reabilitação profissional e social deverão proporcionar ao beneficiário incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho e às pessoas portadoras de deficiências, os meios para a reeducação e adaptação profissional e social indicados para participar do mercado de trabalho e do contexto em que vive.
Quais os direitos e deveres do trabalhador soropositivo? E de seu empregador?
O trabalhador portador do HIV possui os mesmo direitos e deveres dos demais trabalhadores, sem exceção. Ao empregador cumpre zelar pela qualidade de vida de seus empregados, evitando atitudes discriminatórias no local de trabalho. Além disso, as determinações da Portaria interministerial 3195/88, quanto à implementação de programas de prevenção de aids no local de trabalho, devem ser observadas, independentemente da existência de empregado soropositivo na empresa.
Sendo portador do HIV tenho direito de levantar os valores depositados em meu nome no FGTS?
Sim. A lei 7670/88 garante ao portador de HIV o direito de sacar os valores depositados no FGTS independentemente de rescisão de seu contrato de trabalhão ou de comunicação a seu empregador. Para que isso ocorra, deve comparecer junto à Caixa Econômica Federal levando atestado médico, carteira profissional, devendo preencher requerimento na própria CEF.
Posso receber também os valores do PIS/PASEP?
Somente o trabalhador já doente de aids tem direito de efetuar o levantamento do PIS/PASEP, na forma do que dispõe a Lei 7670/88. Este também deve comparecer a CEF, comprovar o saldo da conta vinculada inativa e apresentar laudo médico com o CID da doença. A Liberação do valor ocorrerá em aproximadamente 30 dias.
O trabalhador doente de aids, que nunca contribuiu com o INSS tem direito de receber o auxílio-doença?
De acordo com o que dispõem os arts 203 e 204 da Constituição, fica assegurado ao trabalhador doente em comprovado estado de carência e ausência de qualquer benefício, o pagamento de um benefício mensal, proveniente de recursos da assistência social (pensão vitalícia). A Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS 8742/93 e o Decreto 1744/95 trazem a criação e a regulamentação do benefício da prestação continuada, respectivamente. Se não conseguido pela via administrativa, porque o requerente não cumpre os requisitos exigidos, por estar normas, deverá ser feito o pleito judicial.
Sendo eu um trabalhador portador de HIV, com menos de 12 meses de contribuição ao INSS, tenho direito ao auxílio-doença?
Sim. Com o que dispõe a Lei 7670/88, não há obrigatoriedade do período de carência de 12 meses ao portador de HIV. Você estando empregado terá seu contrato de trabalho suspenso, devendo a empresa pagar-lhe os primeiros 15 dias de afastamento, por motivo de doença, encaminhá-lo ao auxílio-doença, fornecendo-lhe as Guias de Relação de Contribuição de Salários, se a licença exceder a esses dias. A partir do 15o dia de afastamento, o INSS lhe pagará os seus direitos, independente de prazo de contribuição.
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego
Como reivindicar os meus direitos?
Em São Paulo, a pessoa que for discriminada no ambiente de trabalho pelo fato de viver com HIV/aids pode procurar a Delegacia Regional do Trabalho ou o Grupo de Apoio a Prevenção à Aids nos seguintes endereços:
Delegacia Regional do Trabalho
Rua Martins Fontes, 109 – 8º andar (República)
Setor de Discriminação
Tel.: (11) 3150-8106
E-mail: drtsp@mte.gov.br
GAPA (agendar atendimento)
Rua General Olímpio da Silveira, 136 – 1º andar
Próximo à estação de metrô Marechal Deodoro
Tel: (11) 3333-5454
E-mail: gapabrsp@terra.com.br
Se não for residente em São Paulo, procure a Delegacia Regional do Trabalho mais próxima.


Dúvidas do FGTS


O trabalhador portador do vírus HIV ou o trabalhador que possuir dependente portador do vírus HIV.

- Documento de identificação do trabalhador ou diretor não empregado; e
- Cartão do Cidadão ou Cartão de inscrição PIS/PASEP ou número de inscrição PIS/PASEP; ou
- Inscrição de Contribuinte Individual no INSS para o doméstico não cadastrado no PIS/PASEP; e
- Carteira de Trabalho; e
- Cópia do atestado médico fornecido pelo profissional que acompanha o tratamento do paciente, onde deve conter:
- O nome da doença ou o código da CID - Classificação Internacional de Doenças; e
- O número de inscrição no CRM - Conselho Regional de Medicina e assinatura, sobre carimbo, do médico (apresentar original para autenticação pela Agência). e
- Comprovante de dependência, no caso de saque em que o dependente do titular da conta for portador do vírus HIV.
O saldo de todas as contas pertencentes ao trabalhador, inclusive o da conta do atual contrato de trabalho.
Importante: Enquanto houver saldo, a liberação da conta pode ser efetuada sempre que forem apresentados os documentos necessários.



CNBB lança campanha sobre DST

Cuide bem de você e de todos os que você ama - esse é o slogan da campanha que tem o objetivo de disseminar informações no maior número de canais de informação disponíveis em todo o Brasil. O Departamento de DST, AIDS e Hepatites virais apoiou tecnicamente a proposta da CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio da Pastoral de AIDS, para realização de uma campanha de incentivo à testagem em todas as paróquias e dioceses brasileiras. Essa ação pretende alcançar cerca de mais de onze mil paróquias em todo o Brasil, representando 250 comunidades.
A Pastoral de AIDS, com seus agentes e o trabalho junto à comunidade e unidades de saúde, realizará atividades de conscientização para a necessidade da testagem para o HIV em seus espaços de atuação.
O objetivo é incentivar o diagnóstico precoce do HIV e colaborar para o cumprimento da meta 90-90-90 (90% de pessoas testadas, 90% tratadas e 90% com carga viral indetectável até 2020), estabelecida pelo UNAIDS - Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS.
A campanha teve o lançamento oficial em 27 de novembro, na sede da CNBB em Brasília e, concomitantemente, nas dioceses e arquidioceses, será veiculada em emissoras de TV e rádio, mídias sociais, jornais, folders e outros meios de comunicação da Igreja Católica, no Brasil inteiro, inclusive em celebrações. O protagonista da campanha será o Padre Fábio de Melo.
O Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais apoiou a construção da campanha por meio da criação dos materiais gráficos, vídeo para televisão e materiais de internet. A proposta é de que a campanha da Pastoral de AIDS tenha uma identidade própria e afirmativa. 


Feliz Natal!


Comunidade do Ciclo Positivo

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